MAI

Rua Minas Gerais, 458, Centro
Telefone: (18) 3264 1726
Iepê/ SP. CEP: 19640-000
 
 


HISTÓRICO DO MUSEU DE ARQUEOLOGIA DE IEPÊ (MAI)



A história do Museu de Arqueologia de Iepê começou a ser escrita no ano de 1992, quando Roberto Ekman Simões doou para a FCT/UNESP três caixas contendo material cerâmico proveniente de área de sua fazenda, hoje local submerso nas águas do reservatório da Usina Hidrelétrica Capivara. Ekman, homem sensível ao resgate da história dos índios, informou a FCT/UNESP locais de outros cinco sítios arqueológicos na área de sua fazenda. Além de acompanhar os trabalhos, forneceu infra-estrutura e apoio à equipe de arqueologia. Outros fazendeiros do município também abriram suas porteiras para que sítios arqueológicos fossem pesquisados, como por exemplo, Michele Vallone e Raul Ekman Simões. As pesquisas realizadas pela equipe da FCT-UNESP, sob a coordenação da arqueóloga Dra. Neide Barrocá Faccio, em 16 sítios arqueológicos do município, possibilitaram o resgate de aproximadamente 40 mil objetos referentes à cultura material dos índios Guarani. São recipientes de argila, lâminas de machado de pedra, polidores, pontas de flechas, boleadeiras, adornos, potes cerâmicos, pedras lascadas e polidas, utilitários em geral e urnas funerárias, entre as quais, está uma das maiores urnas funerárias indígena Guarani do Brasil com 1,16 m de diâmetro. A partir dessas pesquisas surgiu a necessidade da criação de um espaço para guardar, preservar e divulgar o acervo arqueológico indígena Guarani do município. Desta forma, pela Lei Municipal n.º 080/2000 de 10 de janeiro de 2000 foi criado o Espaço Cultural Armando Cavichiolli e Museu do Índio de Iepê, inaugurado aos 30 de junho de 2000 no antigo prédio onde funcionava o Bar do Armando. A escolha do local justificou-se porque na década de 1950 o Sr. Armando Cavichiolli montou o Bar e Restaurante Seleto, considerado o ponto de encontro da época que, além do mais, oferecia a melhor refeição da localidade. O proprietário, ao longo de sua vida, guardou peças, móveis, discos, livros, revistas, jornais, documentos, fotos, entre outros materiais de valor histórico. Pode-se dizer que ele era um estudioso e, por isso, sempre era procurado para dar informações sobre os mais diversos assuntos. Todos esses motivos justificaram a escolha do local para a instalação do Espaço Cultural e Museu do Índio, que surgiu com o objetivo de preservar a memória local, através de seu resgate histórico e arqueológico. No início de 2006 o Museu foi desativado, porque o prédio onde estava instalado começou a apresentar problemas, como goteiras, e o acervo ficou guardado no prédio do Sr. João Zago, na Rua Minas Gerais, até junho de 2007. O Museu foi reinaugurado em um novo prédio, de propriedade da Prefeitura Municipal de Iepê, localizado na Rua Minas Gerais nº 458, aos 24 de junho de 2007. Seu nome foi mudado pela Lei Municipal Nº 247/07 de 23 de fevereiro de 2007, passando a se chamar Museu de Arqueologia de Iepê (MAI), porque o acervo do museu é constituído em sua maioria por acervo arqueológico e não etnográfico.


DESCRIÇÃO DO ACERVO INDÍGENA GUARANI DO MAI


           O acervo Guarani exposto no museu é composto por mais de 100 peças, entre vasilhas de cerâmica inteiras, fragmentos de vasilhas cerâmicas, pedras lascadas, pedras polidas, vasilha esculpida em pedra, mãos de pilão, lâminas de machado, fragmentos de lâmina de machado, boleadeiras, virotes, peça polida em osso, tembetás e urnas funerárias, entra as quais está uma das maiores urnas funerárias indígena Guarani do Brasil, com 1,16 cm de diâmetro. Entre o acervo dos sítios localizados em Iepê, que conta com aproximadamente 40 mil peças guardadas em Reserva Técnica, estão alguns artefatos procedentes de áreas pertencentes aos municípios de Nantes, Taciba, Campinas, Luiziânia e também de outras localidades. O Museu desenvolve atividades sobre a temática indígena em Escolas Estaduais, Municipais e Privadas de toda a região de Assis, Presidente Prudente e também de outras regiões. São oferecidas atividades pedagógicas como, por exemplo, a Oficina  “A hora do Conto”, sob coordenação da Profa. Dra. Neide Barroca Faccio e do Prof. Dr. Luis Barone; Encontro de Educadores no Município de Iepê, com capacitação para 150 professores da Rede Pública; visitas monitoradas aos alunos da Escola Estadual Antônio de Almeida Prado, nas aulas de Geografia; visitas monitoradas aos alunos do Ensino Fundamental do município e região, além de receber universitários e pesquisadores nos sítios arqueológicos e turistas que se interessam pela arqueologia e pela história. Todas as atividades desenvolvidas pelo MAI acontecem em parceria com a FCT-UNESP de Presidente Prudente, representada pela arqueóloga e curadora do Museu de Arqueologia de Iepê Dra. Neide Barrocá Faccio e com a Universidade de São Paulo, representada pelo Dr. José Luiz de Morais, Diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.


CONHECENDO O MAI – MUSEU DE ARQUEOLOGIA DE IEPÊ


  1. Qual é o acervo indígena que está abrigado no MAI?   
O MAI abriga atualmente um riquíssimo acervo indígena pertencente à Nação Guarani. São aproximadamente 40.000 peças, entre peças inteiras e fragmentos de cerâmica produzidas pelos Guarani há mais de mil anos no território onde hoje se encontra o município de Iepê.
Além disso, o MAI abriga quatro peças (03 potes de cerâmica e 01 Machadinha em pedra polida) dos índios Kaingang, que também passaram pela região, porém, há menos tempo, cerca de 400 anos atrás.
Por fim, existe também no Museu um acervo de pedras lascadas com mais de cinco mil anos, pertencente às diversas tribos indígenas que habitaram o território brasileiro há milhares de anos.

  1. Descrição do acervo do MAI (maior urna / idade das peças).
O acervo encontrado no MAI está composto de recipientes de cerâmica inteiros, fragmentos de vasilhas cerâmicas, lâminas de machado de pedra, fragmentos de lâmina de machado, vasilha esculpida em pedra, polidores, mãos-de-pilão, pontas de flechas, boleadeiras, virotes, tembetá (enfeite labial), potes cerâmicos, pedras lascadas e polidas, utilitários em geral e urnas funerárias, entre as quais, está uma das maiores urnas funerárias indígena Guarani do Brasil com 1,16 m de diâmetro.
Entre o acervo dos sítios localizados em Iepê, que conta com aproximadamente 30 mil peças guardadas em Reserva Técnica, estão alguns artefatos procedentes de áreas pertencentes aos municípios de Nantes, Taciba, Campinas, Luiziânia e também de outras localidades.
Além das peças em pedra lascada que possuem de cinco a sete mil anos, alguns artefatos Guarani abrigados no MAI, que constituem a maioria do acervo, foram datados de 205 d.C.

  1. Quais as atividades praticadas pelos índios e pelas índias Guarani?
Os índios, ao contrário do que muitos dizem, não eram preguiçosos ou relaxados, pelo contrário, trabalhavam duramente plantando raízes e leguminosas, praticando a pesca e também aproveitando os recursos que eram oferecidos pela natureza. Eles faziam farinha com a mandioca e o milho, costumavam também fermentar bebidas, principalmente extraídas da mandioca.
As atividades domésticas como cuidar das crianças, da manutenção das ocas e da alimentação eram tarefas das índias. Outra atividade exclusiva das mulheres era a confecção de cerâmica. Elas confeccionavam diferentes tipos de vasilha, segundo suas finalidades: potes de vários tamanhos, tigelas, pratos ou assadores. Geralmente, a superfície da cerâmica era decorada com motivos pintados ou com relevos diversos, realizados com as pontas dos dedos (cerâmica corrugada), com as unhas (cerâmica ungulada), com espinhos (cerâmica incisa) ou de outras maneiras.
A fonte de matéria-prima utilizada na confecção da cerâmica Guarani eram as argilas plásticas. Essas argilas, geralmente, situavam-se na base das colinas, nos afloramentos aluviais. Para melhorar a plasticidade da argila, as oleiras adicionavam fragmentos de cerâmica moídos. A cerâmica era produzida pela técnica de acordelamento e queimada em fogueiras a céu aberto.

  1. Rituais e tipos de sepultamento.
Os índios Guarani gostavam muito de festas e tinham seus ritos próprios. Gostavam também de se pintar e de usar adornos como brincos, braceletes, pulseiras, colares, cocares etc. Eles costumavam festejar quando nascia e quando morria um novo índio.
Existiam dois tipos de sepultamento, o primário e o secundário. O sepultamento primário era apenas para o cacique e o pajé, que eram sepultados inteiros em urnas grandes como a que está abrigada no MAI. Quando eles morriam eram colocados na posição fetal, amarrados com cipó e tinham seus corpos pintados. Junto ao corpo era colocado dentro da urna funerária também enfeites, alimentos e vasilhames, pois acreditavam na vida após a morte e imaginavam que o índio necessitaria destas coisas durante sua transição para a outra vida. Em seguida, realizavam o rito de passagem e sepultavam em uma cova como costumamos fazer hoje.
O sepultamento secundário era para os demais índios, que quando morriam eram primeiro sepultados direto na terra, em uma cova bem rasa, que era por sua vez regada todos os dias para que a carne apodrecesse mais rápido e ficassem apenas os ossos. Passado um certo período, eles retiravam a ossada do índio morto, lavavam e pintavam esses ossos e procediam o mesmo rito de sepultamento do cacique e do pajé, só que usando agora urnas funerárias menores.

  1. Quantos e quais são os sítios arqueológicos do município de Iepê?
Os sítios arqueológicos estão localizados no município de Iepê, através da IEP – 368.
Seu reconhecimento foi devido aos resultados do trabalho de campo realizado pela equipe de pesquisa da Arqueóloga Profª Dra. Neide Barroca Faccio da FCT/ UNESP, realizados a partir de 1991. Segundo a arqueóloga, encontra-se no município, o maior sítio arqueológico pré-histórico pertencente à tradição ceramista Tupi-guarani do país. Dos 16 sítios existentes, já foram escavados 12:

1.          Lagoa Seca
2.          Lagoa Seca II
3.          Ragil
4.          Ragil II
5.          Ragil III
6.          Ragil IV
7.          Capisa
8.          Terra do Sol Nascente
9.          Pernilongo
10.      Aguinha
11.      Lima
12.      Água da Gruta

Os sítios em estudo são aqueles em que os ceramistas ocuparam, onde não foram atingidas pela cota de inundação, e também os parcialmente destruídos, que estão dentro das cotas de inundação.
Os sítios de menor porte são aqueles que não estão dentro da área de inundação, sofrendo assim, alterações devido às constantes mudanças no nível das águas, que provocam retrabolhamento (processo erosivo) das camadas estratigrafias que contém vestígios arqueológicos.
Deste modo, a maioria dos vestígios encontrados, estão destruídos, fora de sua posição original, ou misturados a outras peças de conhecidas. Devido desde a erosão das camadas estratigráficas que transporta e deposita o material arqueológico em ordem diversa, ou ainda o uso crescente do subsolador para adubagem que tritura-os, deixando escondidos no solo.


  1. Idealização da criação de um museu para Iepê / Lei de criação do Museu do Índio (2000) e do Museu de Arqueologia (2007).
A partir das pesquisas arqueológicas realizadas no município surgiu a necessidade da criação de um espaço para guardar, preservar e divulgar o acervo arqueológico indígena Guarani do município. Desta forma, pela Lei Municipal n.º 080/2000 de 10 de janeiro de 2000 foi criado o Espaço Cultural Armando Cavichiolli e Museu do Índio de Iepê, inaugurado aos 30 de junho de 2000 no antigo prédio onde funcionava o Bar do Armando. A escolha do local justifica-se porque na década de 50 o Sr. Armando Cavichiolli montou o Bar e Restaurante Seleto, considerado o ponto de encontro da época que, além do mais, oferecia a melhor refeição da localidade. O proprietário, ao longo de sua vida, guardou peças, móveis, discos, livros, revistas, jornais, documentos, fotos de valor histórico etc. Pode-se dizer que ele era um estudioso e, por isso, sempre era procurado para dar informações sobre os mais diversos assuntos. Todos esses motivos justificaram a escolha do local para a instalação do Espaço Cultural e Museu do Índio, que tem como objetivo a preservação da memória local, através de seu resgate histórico e arqueológico. No início de 2006 o Museu foi desativado, porque o prédio onde estava instalado começou a apresentar problemas, como goteiras, e o acervo ficou guardado no prédio do Sr. João Zago, na Rua Minas Gerais, até junho de 2007.
O Museu foi reinaugurado em um novo prédio, de propriedade da Prefeitura Municipal de Iepê, localizado na Rua Minas Gerais nº 458, aos 24 de junho de 2007. Seu nome foi mudado pela Lei Municipal Nº 247/07 de 23 de fevereiro de 2007, passando a se chamar Museu de Arqueologia de Iepê (MAI), porque o acervo do museu é constituído em sua maioria por acervo arqueológico e não etnográfico.

  1. Outras atividades desenvolvidas pelo MAI.
O MAI tem por objetivo levar à comunidade, em parceria com a Faculdade de Ciências e Tecnologia/UNESP e o Museu de Arqueologia e Etnologia/USP os conhecimentos produzidos no âmbito da pesquisa arqueológica sobre a pré-história regional do Vale do Paranapanema (SP).
O Museu desenvolve atividades sobre a temática indígena em Escolas Estaduais, Municipais e Privadas de toda a região de Assis, Presidente Prudente e também de outras regiões. São oferecidas atividades pedagógicas como, por exemplo, a Oficina “A hora do Conto”, sob coordenação da Profa. Dra. Neide Barroca Faccio e do Prof. Dr. Luis Barone, o I e o II Encontro de Educadores no Município de Iepê, com capacitação para 150 professores da Rede Pública, visitas monitoradas aos alunos da Escola Estadual Antônio de Almeida Prado, nas aulas de Geografia, visitas monitoradas aos alunos do Ensino Fundamental do município e região, além de receber universitários e pesquisadores nos sítios arqueológicos e turistas que se interessam pela arqueologia e pela história. Todas as atividades desenvolvidas pelo MAI acontecem em parceria com a FCT-UNESP de Presidente Prudente, representada pela arqueóloga e curadora do Museu de Arqueologia de Iepê Dra. Neide Barrocá Faccio e com a Universidade de São Paulo, representada pelo Dr. José Luiz de Morais, Diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia da USP.
O MAI  abrigou o Ponto de Cultura de Iepê “Nosso Povo Faz Arte Desde 205 d.C. e Continua Fazendo” e o Ponto de Leitura até março de 2013.
O MAI tem como curadora a Dra. Neide Barrocá Faccio e como diretor o Senhor Olavo Santilli Ekman Simões.

(Acervo do MAI, com adaptações de Nê Sant`Anna e Paulo Fernando Zaganin)





Peças do acervo pedra polida e lascada com mais de cinco mil anos


















Peças do acervo cerâmico Indígena Guarani: peças com mais de mil anos, incluindo a maior urna funerária Indígena Guarani do Brasil



















Conheça mais o sobre o panorama Indígena no Brasil
em Repertório Cultural, no Blog dos Amigos da Cultura de Iepê.

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